A rua, jornal dirigido por acompanhantes de Belém

a rua3

Cansadas de serem vistas com desprezo e marginalizadas pela sociedade sem realmente saber o que estava por trás de cada uma de suas vidas, um grupo de acompanhantes de Belém decidiu que era hora de levantar a voz e contar a própria história. A promotora do projeto foi Fernanda, que, depois de ser questionada pela enésima vez por um de seus clientes sobre como ela havia chegado àquela situação, achou que talvez fosse relevante que as pessoas soubessem como era a vida cotidiana de uma prostituta.

Foi assim que a ideia de fazer um livro começou a permear os seus pensamentos. No entanto, a falta de apoio e tempo fez acabar com suas ilusões rapidamente. Algum tempo depois, ela conheceu Maria com quem compartilhou o sonho de poder contar ao mundo tudo o que estava passando em sua mente.

A ideia do livro se transformou em um periódico

Foi assim como ambas trabalhadores sexuais deram conta do que poderiam existir muitas mulheres que praticavam a prostituição e que poderiam estar interessadas em contar a sua história, foi daí que um livro realmente não seria suficiente para contado tudo aquilo que elas tinham que dizer.

Elas pensaram finalmente em criar um jornal local que por alguns reais poderiam ser distribuídos e serviriam para pagar os gastos e gerar alguns ingressos, poderia ser uma grande ideia. Maria e Fernanda começaram a comentar sobre o seu projeto com as suas amigas e companheiras de profissão recebendo apoio de outras três trabalhadoras.

O Jornal A Rua e o início do projetos

Maria, Fernanda, Juliana, Luciana e Adriana foram as cinco primeiras trabalhadoras sexuais que se uniram ao projeto. Juntas se associaram unindo suas economias, com as quais alugaram um pequeno estúdio em Belém, foi assim como compraram dois computadores e uma minúscula impressora que adquiriram de uma pessoa que vendia máquinas usadas.

Dessa maneira surgiu o nome de A Rua, o lugar em no qual passavam a maior parte do tempo, onde conheceram a maior parte dos seus clientes e, do mesmo modo, também seriam as ruas de Belém o lugar no qual venderiam os primeiros exemplares desse apaixonante projeto, por essa razão surgiu o nome, que por unanimidade, acabaria por capitanear e escolher o projeto.

O lançamento do primeiro número de A Rua

O primeiro número do jornal a Rua dirigido exclusivamente por acompanhantes em Belém foi publicado no dia 01 de julho de 2019. O número teve uma boa acolhida e muitos foram os vizinhos que aplaudiram a iniciativa e se preocuparam em fazer com que as meninas soubessem das suas opiniões e interesse em conhecer mais a fundo a vida dessas mulheres, convertendo-se em clientes habituais do jornal desde o primeiro dia. Decidiram que seria um jornal de publicação mensual devido a falta de tempo e recursos que as permitiam publicar com mais assiduidade.

Muitas meninas confessaram que cada vez que tinham alguma coisa curiosa para contar depois de trabalhar como prostitutas, se sentavam diante do computador e começavam a escrever. “Fazer isto me ajudou a desafogar e a sentir-me mais motivada para levantar todas as manhãs”. “Sinto que estou cultivando minha própria paixão”, comenta uma das últimas trabalhadoras que se uniu ao projeto.